Leiria na excelência do mundo da dança-portugal-camoestv

Valentim Martins, Alessandro e Alberto Gil Vicente realizam trabalho físico. (Foto: DR)

 

A participação em competições internacionais colocou no mapa da dança a escola de uma bailarina cubana, que vive em Leiria há 24 anos. A qualidade do ensino ministrado e a sucessão de prémios atraem jovens das mais diversas nacionalidades, que iniciam a prática em cursos de verão, mas muitos acabam por ficar. O Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez abre-lhes a porta do sonho para integrar algumas das mais famosas companhias do Mundo.

 

Edna Gonçalves, 40 anos, não hesitou por um instante sequer em mudar-se com a família do Brasil, para Leiria, assim que soube que a filha mais velha tinha sido admitida no Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez. A pesquisa na internet por uma escola de referência, onde fosse aplicado o método cubano, que não exclui alunos por não serem “perfeitos” fisicamente, sugeriu-lhe o conservatório frequentado pelo bailarino português mais premiado na atualidade, António Casalinho. A filha desta família brasileira, Larissa, vinha com muitas falhas técnicas, nomeadamente nas técnicas relacionadas à posição do pé e do joelho”, exemplifica a mãe. “A evolução deles é impressionante”, garante.

 

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Edna Gonçalves e os filhos Larissa Lourena e Alessandro Foto Fernando Fontes: Global Imagens

 

Fundada em 1998, a escola da cubana Annarela Sanchez não pára de crescer. Nos últimos cinco anos, passaram pelos cursos de verão 460 alunos estrangeiros e há três anos foi transformada num conservatório, onde os bailarinos são preparados para voos mais altos. Como é o caso de Matilde Rodrigues, 18 anos, que frequenta a escola desde os 8 anos e agora vai integrar o corpo de baile do Birmingham Royal Ballet, em Inglaterra. “É real, mas acho que ainda não acredito. Só quando entrar na companhia”, diz, radiante. O convite surgiu depois de ter atuado na semifinal do Youth America Grand Prix, em Barcelona, em dezembro, competição em que, desde 2015, na final, em Nova Iorque, o bailarino António Casalinho ganhou o “grand prix” (a medalha de ouro). Além da disciplina e do cuidado em transmitirem uma imagem profissional, a possibilidade de frequentarem aulas de ballet clássico, contemporâneo e de caráter faz com que se destaquem nas competições internacionais. “A Annarella prepara-nos para o ballet e para a vida”, realçam os alunos.

 

O American Ballet Theatre, nos EUA, ou o Dutch National Ballet, na Holanda, que também recebe alunos de toda parte do mundo, são referências a nível mundial. Antes de se mudar para Leiria, há dois anos, Maia Roberts frequentou aulas de dança na Holanda, em Inglaterra e em Espanha.

 

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Os cubanos Alexander Sanchez, Annarella Sanchez e Raquel Aguero, três rostos do sucesso do conservatório leiriense. Foto: DR

 

O que distingue esta escola, afinal? “A técnica” perante a rigidez dos profissionais. O método é parecido com o Royal Ballet de Londres. A escola Annarella Sanchez também convida alunos que se destacam na modalidade, como foi o caso do jovem espanhol Alberto Gil Vicente, 14 anos, que também trocou Madrid, em Espanha, por Leiria, para integrar o conservatório em Portugal, depois de ter atuado num concurso de dança em Barcelona. Um acompanhamento que considera determinante para a evolução, em termos técnicos e de conhecimentos, e para o qual contribui o convívio com pessoas de outras nacionalidades. O bailarino espanhol não esconde que, no início, sentia saudades da família, mas, assim que começava as aulas de ballet, concentrava-se de tal forma que se esquecia de tudo. “Venho muito feliz para aqui e com muita garra.”

 

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Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez na Gândara dos Olivais
Margarida Gonçalves , Francisco Gomes, Fernando Fontes / Global Imagens

 

Apesar de ser o bailarino português mais premiado do mundo na atualidade, António Casalinho, 17 anos, é discreto e humilde, características incutidas pelos professores do conservatório de Leiria, que frequenta desde os oito anos. “Quando era pequeno, ganhei um prémio importante e vim para aqui a pensar que era o melhor. Fui chamado a uma sala por um professor, que me explicou a importância da humildade. Disse-me que subir era fácil, manter era difícil e descer era ainda mais fácil.” Desde então, nunca mais se esqueceu da lição.

 

Cerca de 50% dos alunos do Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez são provenientes do Brasil, Espanha, França, Holanda, Itália, México, Roménia e do Uruguai. “Para nós, a interculturalidade é importante, assim como é importante que as pessoas sejam como são.” A residir em Leiria há 24 anos, a cubana considera ainda fundamental que os bailarinos não deixem de estudar. “Um dia, podem ter uma lesão ou concluir que não querem seguir dança.”

CamõesTV/ Magazine

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